Nesta quarta-feira, 11 de setembro, às 19h, o Departamento de Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III, em Juazeiro, será palco do lançamento do livro *Currículo, Contextualização e Aprendizagem*. A obra é organizada pelo Professor Dr. Edmerson dos Santos Reis e pela pedagoga e mestranda Jackeline Maciel de Azevedo. A proposta central do livro é refletir sobre as lacunas no currículo escolar e nas práticas pedagógicas, tanto em escolas públicas quanto privadas, e questionar os sentidos da aprendizagem em um contexto educacional que frequentemente negligencia a formação crítica dos estudantes.
O livro tensiona a ausência de uma educação que faça sentido e traga significado para a vida dos estudantes. Muitas vezes, o currículo é composto por conteúdos desconectados das realidades vividas pelos alunos e pelas comunidades ao redor. Segundo os organizadores, a educação atual frequentemente transforma-se em uma mercadoria, moldada por interesses de mercado, ao invés de ser um processo que promova uma aprendizagem significativa e contextualizada. O resultado é uma prática pedagógica vazia, descolada dos fundamentos sobre como realmente se aprende.
Essa reflexão já é uma preocupação que permeia o Programa de Pós-graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA), da UNEB, e o Grupo de Pesquisa em Educação Contextualizada, Cultura e Território (EDUCERE). Os textos presentes na obra buscam reforçar a importância de uma educação que dialogue com as particularidades regionais e os saberes locais. Ao aproximar o conteúdo escolar da realidade dos estudantes, a aprendizagem se torna mais efetiva e relevante, gerando maior engajamento e resultados.
A coletânea propõe uma mudança no olhar sobre o currículo, defendendo que ele deve ser construído a partir do contexto onde a escola está inserida. Ao invés de um currículo imposto de cima para baixo, que ignora as particularidades culturais e sociais, é necessário um modelo que fortaleça a autonomia dos sujeitos e valorize os saberes locais. Isso se alinha às ideias de educadores como Paulo Freire, que defendem a contextualização do aprendizado e a necessidade de uma pedagogia crítica e libertadora.
No Semiárido Brasileiro, a situação é ainda mais complexa. A obra faz uma crítica ao modelo de desenvolvimento que prioriza o mercado e a competitividade em detrimento da sustentabilidade e da solidariedade entre os povos. Segundo a obra, a educação no Semiárido deve buscar promover modos de vida sustentáveis, fortalecendo a interdependência entre as comunidades e valorizando as culturas locais. Isso se opõe à lógica mercantilista que muitas vezes domina as políticas educacionais.
Os organizadores também fazem uma crítica ao excesso de padronização e controle no sistema educacional brasileiro. A busca por indicadores e rankings transforma a escola em um espaço onde a aprendizagem real perde espaço para a mera reprodução de conteúdos impostos por agentes externos, como as fundações privadas que influenciam o setor público. Esse processo reduz a autonomia dos professores e desvaloriza as práticas pedagógicas mais reflexivas e críticas, que poderiam promover uma educação mais contextualizada e significativa.
*Currículo, Contextualização e Aprendizagem* surge, portanto, como um convite à reflexão sobre o papel da escola na formação de sujeitos críticos, capazes de compreender o mundo ao seu redor em suas múltiplas dimensões. O lançamento do livro promete ser um espaço de debate sobre a necessidade urgente de repensar as práticas pedagógicas e as políticas educacionais, com foco na promoção de uma aprendizagem que faça sentido para os estudantes e as comunidades onde estão inseridos.
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Roni Figueiredo - Coluna Social