O paradigma da morte
Por Pr. Teobaldo Pedro
Ultimamente sempre que algo vem a me aborrecer muito a ponto de poder vir a produzir ou despertar em mim algum sentimento ruim, eu aprendi a usar uma coisa como barreira de proteção para a minha alma. Algo que chamo de paradigma da morte. Mas o que vem a ser isso? Eu explico!
Antes recordo que um paradigma é um modelo, um padrão ou referencial de comportamento. Portanto, quando falo de “paradigma da morte”, o que sugiro é que nossa mente seja levada a pensar de acordo com o que é mais essencial: a sobrevivência da paz existencial interior em nossa alma.
Pense no fato de que a pessoa que supostamente te causou embaraço, mal-estar ou algo parecido com isso, um dia irá morrer, assim como você também. Assim, olhando as coisas sob este ponto de vista, pondere se vale mesmo a pena guardar sentimentos ruins e revivê-los a cada oportunidade que surge? Acredito que algo assim só vale a pena ser recordado quando produz em nós resiliência, que é a capacidade de superação no refazer de sonhos e lutas ou quando contribui para nos tornamos pessoas melhores do que somos, mais sensíveis, amorosas e compreensivas com as pessoas, mesmo quando elas não são legais conosco.
Lembre-se que a vida é assim mesmo. Pessoas se desentendem, mudam de opinião e visão. Alianças se desfazem e amizades idem. Muitos se desencontram emocionalmente e, eventualmente, se ferem ou agridem com atitudes e palavras as quais costumam doer bem mais que as agressões físicas, pois perduram na alma. Realmente não é fácil lidar com disso.
Porém, a decisão de escolher morrer um pouco para tais sentimentos e crescer com isso emocional e relacionalmente ou se tornar refém destes para o resto da vida é uma escolha inteiramente individual. E dessa escolha resultará o que você se tornará: Se um ser humano em processo de autoconstrução interior progressiva ou alguém ressentido, vingativo e autodestrutivo. Escolha viver e bem. Escolha olhar para as coisas ruins da vida como quem contempla um morto. Lembre-se que a morte nos iguala a todos e nos faz pensar que brigas, ressentimentos, mágoas e desejos de vingança não nos levarão a lugar nenhum que preste.
Estabelecer o paradigma da morte como referencial é nunca se esquecer de que ao contemplarmos um morto que nos feriu, ali liberamos perdão e nos libertamos da mágoa. Então, por que não fazer isso já e agir como se a morte fosse nossa conselheira nisso? Morte não determina o fim e sim recomeços. Portanto, recomece. Pense nisso.
Para alguns morrer é alívio.
A morte às vezes é um alívio para algumas almas infelizes e solitárias. E, talvez, por isso é que tantos a desejem. Ainda que secretamente e convivendo na ambiência da Igreja. Eu, em sessões de aconselhamento nos meus 34 anos de Ministério Pastoral e 24 como Psicanalista, já ouvi muito desabafo de gente, aparentemente bem sucedida, porém infeliz consigo mesma, frustrada com sua existência.
É tempo de respirar! Parar com tudo um pouco, sair do olho do furacão do ativismo religioso, e inspirar, expirar, contemplar! E ali, em silêncio, ouvir Deus falar consigo pela Criação. Obra das Suas poderosas mãos, que O louvam ali, apenas existindo... Pensemos nisso com atenção!
P.S. observe mais o seu entorno
Roni Figueiredo - Coluna Social